Maria Condado é a artista cujo trabalho está patente na exposição intitulada Promised Land. Dispostas ao longo da galeria, as nove telas pintadas a óleo inserem-se num claro interesse sobre a relação entre natureza e construção. Fugindo à confusa imagem global que a realidade contemporânea produz com todos os seus intervenientes, subsiste a preocupação de isolar elementos (excluindo a presença humana concreta) e concentrar uma nova percepção sobre a sua singularidade. As construções ou estruturas são indícios civilizacionais envoltos numa concepção de tempo não apenas evolutiva, como também apelativa a uma perspectiva transversal; à imagem obsoleta das estruturas outrora funcionais acrescenta-se a eventualidade da natureza preparada para progredir, expectante das suas próprias possibilidades de renovação. Cada tela foca um determinado conjunto onde a ambivalência dos factos temporais e locais coloca o espectador perante a ironia e a inevitabilidade do seu encontro.

Esta reflexão tem vindo a acentuar-se no trabalho desenvolvido pela artista desde 2005. A exploração de paisagens em que pontua o abandono de estruturas circunscritas pela natureza constitui o cerne desta sua pesquisa, assente numa dupla perspectiva: a tela revela quase sempre a escolha de um cenário que não é por completo urbano nem campestre, ele paira no limite de ambos e, simultaneamente, vive por si só nesse irreconhecimento. Por um lado, a irrealidade dos lugares questiona a sua existência, mas por outro, no domínio da nossa percepção algo persiste na lembrança de um imaginário comum. Através da criação da dúvida e da imprevisibilidade dos acontecimentos gera-se uma luta de forças, na qual o humano e o natural - sendo que o primeiro é evidenciado pela sua decadência e o segundo pelo seu progresso - encontram finalmente a oportunidade de coexistirem num momento que, não obstante, é também de anunciada mutabilidade.
No que respeita ao processo formal, Maria Condado assume os escorridos de tinta como um elemento significativo do seu trabalho pictórico o que propõe ainda, a par dos títulos das obras, determinadas pistas para a observação e entendimento da dinâmica conceptual.    

Rita Santos
Outubro 2007